domingo, 6 de maio de 2012

10 músicas para roer no fim de um relacionamento (Final)

5. Roberto Carlos - As canções que você fez para mim. De que adiantam essas campanhas demagógicas, se as canções que aquela miserável fez para você, não fazem mais o menor sentido? O rei Roberto já escreveu sobre taxistas, caminhoneiros, gordinhas, mulheres de quarenta. Ele é praticamente um Voltaire, um Diderot, um Rousseau, enfim, um enciclopedista da música popular brasileira. De tudo, ele fala e entende. Desta vez, o rei decidiu escrever uma música sobre as músicas que a amada fazia para ele. Essa canção é um tiro no ânus, porque traduz a "solidão, fim de quem ama", nos versos "eu acho que você já nem se lembra mais". Aperte o "play" e tente sobreviver.



6. Vanessa da Mata - Música. Ok, ok. Admito: estou apelando. Essa música é avassaladora, porque a voz é suave, e a melodia  nos traz, à memória, aquela velha ciranda do anel que "era vidro e se quebrou". É sobre isso que a música fala: tudo fenece, tudo se esvai, por mais sólido que seja. Exceto, é claro, as lembranças que, agora, são dolorosas. Vanessa, sua linda, espero que você morra lentamente. Cuidado, que essa canção é arma de destruição em massa.



7. Leoni - Os outros. Amor que não vai embora pior que espinha purulenta em dia de festa, pior que ranho em nariz de palestrante. O pior é que ninguém se compara ao objeto de nosso amor, por mais cretino(a) que ele/ela tenha sido. Até defeito a gente começa a comparar, esquecendo-se de que ninguém é igual, exceto na morte. E essa música engana, viu, minha gente? Não sei se foi Guatarri ou Deleuze (Edson, corrija-me, por favor) que disse que "nosso grande amor é sempre o penúltimo amor", ou seja, nenhum amor será o derradeiro (a não ser, é óbvio, aquele que antecede o fim da vida. Mas, assim como existe a licença poética, existe a licença patética, que permite que pessoas apaixonadas digam asneiras já desmentidas pelos pós-estruturalistas franceses.



8. Reginaldo Rossi - Garçom. O rei do brega, de fato, não é brega. Brega é corrente de prata featuring bermuda Saka Praia. Reginaldo Rossi é genial, minha gente. Ele transforma um bêbado desgraçado, jogado em uma mesa de bar, abrindo a própria intimidade para um desconhecido e, certamente, banhado em vômito e na própria miséria, em uma música belíssima. E digo mais: ele desmonta o estereótipo do machão, que não sofre, que é invulnerável. Reginaldo Rossi é desconstrução, meu povo! E isso é muito foucaultiano. (Foucault, como tudo aquilo "made in France", não pode ser brega).



9. Roxette - Spending my time. Direto da década de 90, para a infelicidade em que se encontra sua vida neste exato momento. Essa música é uma contradição, porque o ritmo dela é lento, devagar, mas, ao mesmo tempo, ela diz "spending my time watching the days go by". Trata-se daquela depressão que você sabe que a vida te atropela, porém você não dá a mínima cagada para isso, porque está ocupado(a) demais não fazendo absolutamente nada!



10. Alanis Morissette - Torch. Morra, Alanis, MORRA! Não deem o play! É uma cilada, Bino! Não há coração que aguente esse lamento digno do livro bíblico de Jó. Torch é a caixa de Pandora piorada, porque, depois de tantas lembranças, não haverá o feliz pássaro verde ao final. Pronto! Exemplo perfeito: já viram um palito de fósforo queimado? É uma desolação só: cliquem aqui. Depois de um gato morto, um fósforo queimado é a coisa mais desoladora do mundo, porque passa a ser exatamente o oposto daquilo que um dia foi. Pior: essa nova não-coisa, exatamente por sua não-coisisse, faz-nos lembrar o tempo todo, para nossa tristeza, a coisa anterior, em todo seu esplendor, que agora já não existe mais.

5 comentários:

FOXX disse...

amigo...
agora tow preocupado com o senhor...

Antonino disse...

Seu coração não é uma árvore seca

Anônimo disse...

Muita boa a seleção!!! é de morrer mesmo... estou preparando um listão p presentear uma amiga e inclui todas estas músicas e mais as do post anterior. Por favor, qdo tiver outras poderia fazer mais um post?
Grata,
Patrícia

Anônimo disse...

Perfeito!

Anônimo disse...

Perfeito!