quarta-feira, 16 de novembro de 2011

10 músicas para roer no fim de um relacionamento (parte I)

Todo mundo já sofreu por amor. Que atire o primeiro CD de Adele aquele que nunca sentiu uma pontada de angústia por perder aquele ou aquela que considerava o grande amor de sua vida. Tolstói disse, em Anna Karienina, que "toda família feliz é igual, mas toda família infeliz é infeliz à sua maneira". No amor, todo sofrimento é gêmeo univitelino. De repente, após o fim, aquele seu namorado barrigudo, bronco, sem futuro e vesgo torna-se a pessoa mais querida do mundo. A dor da perda do ser amado é atroz, porque a pessoa morreu, mas continua viva (não, não estou falando de zumbis). Morreu, porque não faz parte da sua história, não compartilhará intimamente seus momentos de alegria e tristeza, não farão mais planos juntos. Viva, porque ela continua por ali, serelepe, seguindo com a própria vida, sorrindo, frequentando academia, bares e boates SEM VOCÊ. Nessas horas, o jeito é afogar as mágoas com os amigos, no trabalho, no chuveiro, no sorvete, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê. Pensando em facilitar a vida de nossos leitores e leitoras, a equipe de Tempos Interessantes, composta apenas por mim, decidiu fazer uma coletânea de dez músicas infelizes, compostas naqueles momentos de miséria humana, quando o amor acaba e fica apenas a amargura de uma existência infeliz e sem sentido. Ei-las, então:

1. Qualquer canção de Adele. Em primeiro lugar, ela, a rainha da depressão, a arauto de dias negros, o corvo das más notícias, a coveira do amor. Adele encanta, porque é sem vergonha. Ela sofre, ela chora, ela se descabela, ela pede para voltar, ela diz que a vida acabou. Adele consegue traduzir com exatidão todos os sentimentos que pipocam após o término de um relacionamento: tristeza, mágoa, raiva, frustração, desesperança, infelicidade e por aí vai... Qualquer música de Adele, vejam bem, QUALQUER música, versará, de uma forma ou de outra, sobre aquele/aquela filho de uma jumenta que te deixou na merda completa. Escutar Adele é, com certeza, poupar o tempo de traduzir em palavras os dias negros que o fim de seu relacionamento trouxe.


2. Dido - White flag. Dido não tem a melhor voz do mundo. Vocalmente, ela nunca irá surpreender você. Não há agudos, não há vibratos, não há variações de tom, mas há muita tristeza e lamentação. Nessa música, há o amor que ficou depois do cretino ou cretina ter lascado sua vida. É uma canção sobre a capacidade de um cara-de-pau, depois de ter estragado tudo, chegar até você e dizer que ainda te ama. Veja bem, se você é a vítima indefesa, a música não serve para você, mas, se você é a pessoa que bagunçou tudo e está arrependida do que fez, pode escutar à vontade e se lamentar pelo dia em que nasceu e se tornou um completo inepto para relacionamento e as coisas do amor. E pode ter a certeza de que teu ex realmente deseja que você "afunde com esse navio".


3. Abba - The winner takes it all. Quando as primeiras notas do piano começam a tocar, você já sente vontade de pular da ponte. "The winner takes it all" versa sobre o jogo do amor. Como toda competição, há vencedores e perdedores. Essa música, é óbvio, é cantada por um infeliz perdedor que, certamente, não estará na próxima temporada de Glee. Não se trata, porém, de um bad loser. O cidadão ou cidadã admite a derrota, aceita o fim, veste a capa da vergonha e humilhação, curva-se ante o fato consumado do fim. É uma música para ser cantada quando sua auto-estima não vale R$ 2,00 no mercado de pulgas ou na liquidação de garagem.


4. Jacques Brel - Ne me quitte pas. "Ne me quitte pas" é o fim. É o último suspiro do moribundo, é a porta dos desesperados, é o discurso do advogado da CNBB durante a sessão do STF sobre o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo, é o último "continue" do jogo de vídeo game. É, enfim, a última tentativa do infeliz que está prestes a perder o amor de sua vida. Tais constatações são patentes, porque a pessoa promete mundos e fundos para a amada que se vai pela porta da frente, certamente levando até as panelas da casa. Não sei vocês, mas consigo imaginar o sujeito agarrado à barra da saia da amada, repetindo abobada e desesperadamente "ne me quitte pas", enquanto, indiferente, a cretina vai embora.


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Aguardem a próxima postagem com as seis últimas canções que farão os desprezados cortarem os pulsos.